Quando dois projetos se fundem para o sucesso
A Sendys Group é o resultado de 35 anos de história: da Alidata, software house portuguesa mais antiga, e do Sendys, produto que deriva da Capgemini. Um caso de sucesso português que o chairman, Fernando Amaral, apresenta à PME Magazine.
Hoje é um só grupo, mas há 35 anos nasciam dois projetos em Portugal completamente independentes: de um lado a Alidata nascia em Leiria, sendo a software house mais antiga do país, do outro a Prológica, onde mais tarde nasceria o Sendys. A Sendys Group é, hoje, uma consultora, o culminar de 35 anos de história e de dois projetos de sucesso.
A Prológica enquanto empresa nasce em 1984, com softwares mais ligados ao setor dos serviços, dando em 1991 lugar à Geslógica, que em 1997 é adquirida pela multinacional Capgemini.
Fernando Amaral, atual chairman da Sendys Group, entra para a Prológica enquanto estudava Direito, fazendo um percurso que o fez chegar a senior manager da Capgemini.
"Atingi um patamar em que achava que devia abrir a minha própria empresa e, em 2009, fizemos o spin-off da Sendys. Saímos na altura 13 pessoas." Nesse lote de pessoas encontrava-se também o irmão, Pedro Amaral, um dos sócios do grupo.
Assim começa a aventura da Sendys enquanto projeto independente. Mais tarde, em 2011, a Sendys adquire a Alidata, complementando os seus produtos com o software daquela empresa leiriense, mais destinado à área da manutenção e indústria. Nasce, assim, o grupo Sendys Alidata, que em que 2016 virou Sendys Group.
Pelo caminho, o grupo adquiriu ainda a Masterstrategy, com um software "para clientes que procuram uma solução simples, mais direta, na nuvem, que não requeira tanta manutenção", explica Fernando Amaral.
"Temos uma visão de mercado diferente: enquanto os outros players têm uma visão de um software que serve todas as empresas, nós temos produtos diferentes para áreas de negócio diferentes. Um cliente na área da indústria tem requisitos muito diferentes dos processos de um escritório de contabilidade", advoga.
Só em 2018, o grupo faturou oito milhões de euros, sendo 40% dessa faturação relativa ao mercado externo.
INTERNACIONALIZAÇÃO FOI “SIMPLES”
O spin-off da Sendys confunde-se com a internacionalização da empresa, uma decisão estratégia que permitiu à empresa crescer e alargar o espetro de atuação.
Os países africanos de expressão portuguesa, nomeadamente Angola, Moçambique e Cabo Verde foram os principais alvos, mas não só: o grupo tem escritório próprio também em São Paulo (Brasil) e Macau.
A decisão de internacionalizar foi "simples", diz o chairman, pois já havia conhecimento dos mercados.
Na altura em que saímos já tínhamos 20, 25 anos de atividade, portanto, já tínhamos uma maturidade do negócio", explica, adiantando que em 2010 foi iniciado um processo e ''internacionalização mais sério", mas desde 2003 que a empresa tinha "frequência nos PALOP", principalmente devido ao acompanhamento de outros clientes.
"Foi como se iniciássemos o caminho para a índia, mas previamente nos dessem um mapa de onde é que devíamos passar."
Grupo Sendys conta atualmente com escritórios em Angola Cabo Verde, Moçambique, São Paulo (Brasil) e Macau
Tanto em Portugal como no estrangeiro, continuam a ser as pequenas e médias empresas os maiores clientes do grupo. Ao todo, a empresa conta com "mais de dez mil implementações" em clientes, refere o responsável.
UM SOFTWARE PARA TODOS
Uma das mais recentes novidades do grupo foi a criação do Sendys Explorer, um software de gestão de impressão que permite, entre outras coisas, saber os consumos de impressão exatos de uma empresa, criar perfis de impressão para trabalhadores, reduzindo assim custos e o impacto ambiental da empresa. O desafio foi lançado pela multinacional japonesa OKI, que faz toda a assistência de primeira linha do produto, enquanto o desenvolvimento e apoio de backoffice é feito pela Sendys.
"No YouTube, há explicações sobre o software em russo, italiano, até em português, feitas por técnicos locais, não por pessoas nossas, o que nos deixa bastante orgulhosos. Hoje, temos uma solução que é usada no mundo inteiro", enfatiza o chairman.
O apoio de backoffice é prestado pelo centro de desenvolvimento da Sendys em Leiria.
GERIR A EQUIPA E DESCENTRALIZAR
Fazendo um balanço positivo destes 35 anos de atividade, Fernando Amaral refere que, atualmente, o maior desafio com que se depara é na gestão de recursos humanos. Com uma equipa de 140 colaboradores para gerir, o responsável considera que os "gestores têm de se adaptar a uma nova fornada de recursos que está a aparecer".
“As pessoas, hoje, são da geração dos três ‘L’: tanto trabalham em Leiria, como em Lisboa, como em Londres, é muito diferente do que há 20 anos. Hoje, um miúdo diz com orgulho que até aos 35 anos sai de casa dos pais e isso não é bom, nem é mau. É assim."
O chairman recorda que, antigamente, "se se teve filhos, uma hipoteca de uma casa para pagar, metade do processo de retenção está feito".
"Temos de criar uma envolvência diferente com as pessoas", defende Fernando Amaral.
Por isso, entre as políticas da empresa para gestão de recursos humanos está a motivação e valorização dos trabalhadores, a elaboração de planos individuais de carreira, bem como outros benefícios, como a autonomia, flexibilidade para gerir o horário de trabalho, a possibilidade de levar os filhos para o trabalho sempre que necessário, ou de trabalhar remotamente, a disponibilização de fruta, o seguro de saúde, ou os dias extra de férias.
"O ativo mais importante, hoje em dia, não são os clientes, são os recursos, e hoje é mais difícil encontrar recursos capazes do que clientes. É um problema em quase todas as áreas de negócio."
Por isso, nos planos de futuro do grupo está a consolidação da operação em Portugal e além-fronteiras, bem como uma aposta forte na valorização do interior. Além do centro de desenvolvimento em Leiria, a Sendys conta também com um centro de desenvolvimento em Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã, de forma a ajudar o país na diminuição das desigualdades territoriais, um esforço, refere o fundador, para "empurrar equipas de desenvolvimento para o interior do país".
"A verdadeira qualidade de vida está no interior, não está em Lisboa. Hoje, quem vive em Proença-a-Nova está a hora e pouco de Lisboa e se calhar demora o mesmo tempo do que alguém que vive em Cascais." E termina: “O difícil é fazer o clique".